O PROJETO
PEDAGÓGICO E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.
Maria Emilia de
Lima.
Grupo
Pesquisas em EF Escolar
- FEUSP
JUSTIFICATIVA: Este estudo se dá
pela constatação de que uma proposta isolada não pode dar conta dos problemas
do cotidiano escolar, dada sua complexidade e pelas contradições e incoerências
entre o discurso e a prática de Educação Física Escolar. Levanta-se a hipótese
que os professores tenham um discurso pedagógico favorável às questões
relacionadas à escola democrática embora valorizem, com freqüência, a execução
de gestos técnicos descontextualizados.
A
Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20/12/1996 orienta para a integração da
Educação Física a proposta pedagógica da escola, responsabilizando a própria
escola e o professor pela ação educativa.
Após
discussão de seu Projeto Pedagógico, a EMEF Carlos Chagas apresenta como tema
gerador para o período do segundo bimestre de 2005 o tema Meio Ambiente.
Tendo
como orientador os PCNs e o diagnóstico feito com os alunos das terceiras e quartas séries e ainda
objetivando desenvolver o conteúdo específico da Ed. Física, conhecimentos
sobre o corpo, elaboramos, juntamente com as crianças, o Projeto Educação
Física X Meio Ambiente, partindo da seguinte problematização: O que se entende
por Meio Ambiente? O ser humano faz parte desse Meio Ambiente?
OBJETIVO: Construir
conhecimentos sobre o corpo na perspectiva de auto cuidar-se e auto preservar-se.
Partir de um corpo estritamente biológico para a descoberta de um corpo que se
comunica. Elaborar, graficamente, contornos de corpos em harmonia e em
comunicação.
QUADRO
TEÓRICO: Vasconcellos
(2002) considera que Projeto Político-pedagógico é o plano global, entendido
como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento
participativo, que define claramente o tipo de ação educativa a partir da
leitura da realidade. Não qualquer ação, mas as definidas coletivamente e que
se prestam a determinados propósitos, a certas intenções. “As ações projetadas
não são aleatórias, circunstanciais, tópicas, intempestivas, superficiais, mas
encadeadas, fundamentadas, radicais e consistentes”. (NEIRA, 2004). A escola
pública e autônoma é aquela capaz de fixar as regras de seu próprio
funcionamento, sem opor-se à unidade do sistema. Rios (1992) aponta que
autonomia e liberdade são algo a ser construído. Daí a importância de se
estabelecer condições de discussão criativa e crítica, num esforço comum e
sempre aperfeiçoável.
Reconhecemos as
inúmeras dificuldades que o espaço escolar apresenta, vale apontar, como
exemplos, a diversidade cultural e dificuldades no processo
ensino-aprendizagem. Exatamente por tais motivos, evidenciamos a necessidade da
construção do Projeto Político-pedagógico e a importância de uma organização
coletiva onde as comunidades educativas, por meio do diálogo, examinem e
questionem as relações de poder, construam democraticamente o currículo da
escola e articulem-se num movimento de ação-reflexão-ação de modo a serem
respeitados como sujeitos, autores de sua própria prática. Moreira e Candau
(2003), refletem sobre as dificuldades encontradas pelos professores para
superarem os desafios encontrados, quando apontam que é necessário tornar a
cultura um eixo central, conferindo uma visão multicultural às práticas
educativas.
A participação do
professor na elaboração do Projeto Político-pedagógico da escola, em todas as
suas fases, e com garantias de livre expressão e comunicação entre os
diferentes grupos, pode oferecer melhores condições para a elaboração do seu
plano de ensino e provavelmente contribuirá no desenvolvimento de uma prática
articulada com as finalidades educacionais definidas pelo coletivo.
Aprendemos com Fusari (1990) que o
caminhar solitário do educador pode resultar numa prática que nunca se modifica
e que, portanto, é necessário compreender que o sujeito constrói o conhecimento
na interação com os outros através do estudo da prática de seu trabalho e da
teoria que a fundamenta. Esse sujeito cognitivo, afetivo e social é uma
totalidade que, imerso em seu trabalho, exercita o fazer, o pensar e o
teorizar, pois não existe prática sem teoria.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
- Aulas expositivas apresentando os
conteúdos conceituais.
- a cada final de uma aula expositiva
questionar com a turma o que o corpo faz, em termos motores e passível de
desenvolver na quadra da escola. A partir daí, encaminhar a próxima aula
(jogos, brincadeiras ou ginástica) na quadra. Cada turma, provavelmente,
apresentará sugestões diferentes.
- utilização de recursos visuais para
melhor entendimento dos conceitos (cartazes, esqueleto, gravuras, vídeo)
- elaboração, em pequenos grupos do
trabalho final.
CONSIDERAÇÕES: Consideramos que a partir do trabalho desenvolvido, os alunos tiveram a
oportunidade de:
apropriar-se da linguagem visual e corporal; discutir regras das brincadeiras,
apropriando-as às características do grupo; desenvolver atitudes cooperativas,
de respeito e de solidariedade; envolver-se com alegria na prática das
brincadeiras e jogos; construir conceitos básicos sobre: como o corpo é
(constituição), o que ele precisa (alimentação saudável e atividade física) o
que ele faz (em termos motor); elaborar um desenho a partir do contorno dos
corpos.
BIBLIOGRAFIA:
Brasil. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.
Moreira, Antonio F
Barbosa e Candau, Vera Maria. Educação escolar e cultura(s): construindo
caminhos. In: Revista Brasileira de Educação n 23, maio/jun/jul/ago, p. 156 –
168, 2003
Neira, Marcos
Garcia. Por dentro da sala de aula: conversando sobre a prática. São Paulo:
Phorte, 2004.
Rios, Terezinha
Azerêdo. A autonomia como projeto – Horizonte ético-político. In série Idéias 16. a autonomia e a qualidade
do ensino na escola pública. São Paulo:FDE, Diretoria Técnica, 1993.
PCNS VOL 8 1997.
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