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Texto para as questões 1 a 5
A Menina dos Fósforos
Fazia um frio
terrível, nevava e começava a escurecer. Era a última noite do ano, a noite de
ano-bom. No frio e na escuridão, andava, pela rua, uma garotinha pobre,
descalça, de cabeça descoberta. Ao sair de casa tinha chinelos nos pés. Mas os
chinelos eram grandes demais, sua mãe os havia usado antes, e, de tão grandes
que eram, a menina os perdera ao atravessar a rua correndo, no momento em que
dois carros passavam a toda velocidade. Não conseguira encontrar um dos
chinelos, e o outro, um rapaz levara, dizendo que o usaria como berço quando
tivesse filhos.
Lá ia, pois, a
menina, com os pezinhos nus, arroxeados de frio. Trazia num velho avental certa
porção de fósforos e segurava um pacotinho deles na mão. O dia inteirinho
ninguém lhe comprara um só palito de fósforo, ninguém lhe dera um níquel.
Sofrendo frio e fome, a pobrezinha, andando pela rua, parecia apavorada. Os
flocos de neve caíam-lhe sobre os longos cabelos louros, que formavam graciosos
cachos em torno da nuca – mas a menina estava longe de pensar em cabelos
bonitos.
Todas as janelas
estavam iluminadas, e chegava até a rua
um aroma delicioso de ganso assado, pois era a noite de ano-novo. Nisso, sim,
ela pensava. Por fim ela encolheu-se num
canto, entre duas casas: uma delas avançava mais sobre a rua que a outra.
Sentou-se, encolheu as perninhas, mas continuava a sentir frio. Não tendo
vendido um único fósforo, não possuindo um único níquel, não ousava ir para
casa, onde o pai bateria nela. Além disso, também fazia frio na casa onde moravam
— uma casa sem forro, com o telhado cheio de fendas, por onde o vento sibilava,
apesar de haverem tapado muitas delas com palha e trapos. Suas mãozinhas
estavam enregeladas. Um pequenino fósforo lhes faria bem. Pudesse ela, com os
dedos duros, puxar um fósforo do pacotinho, riscá-lo contra a parede e aquecer
os dedos! Conseguiu-o, afinal; tirou um e riscou-o. Como o fósforo ardeu e
crepitou! A chama clara e quente parecia uma velinha, quando a envolveu com a
mão. Era uma luz estranha. A garotinha imaginou estar sentada em frente a uma
grande lareira de ferro, com adornos e um tambor de latão polido. O fogo
crepitava alegremente, e aquecia tanto… Que beleza! A pequena já ia estendendo
os pés, para aquecê-los também… quando a chama se apagou e a lareira
desapareceu. Ela estava sentada na rua, com um pedacinho de fósforo na mão.
Riscou novo
fósforo, que ardeu, claro, brilhante. Onde o clarão incidiu, a parede tornou-se
transparente como um véu. Ela viu então o interior de uma casa, onde estava
posta uma mesa, com toalha muito alva e fina porcelana. O ganso assado
fumegava, recheado de ameixas e maçãs, e, o que foi ainda mais extraordinário,
de repente o ganso pulou da travessa e saiu cambaleando pela sala, com o garfo
e a faca espetados nas costas. Veio vindo assim até ao pé da menina pobre. Aí o
fósforo se apagou, e só se via a parede, grossa e fria. Ela acendeu outro fósforo. Viu-se sentada sob
os ramos da mais linda árvore de Natal. Era ainda maior e mais enfeitada que a
árvore que ela vira através da porta envidraçada, na sala do rico negociante,
no Natal passado. Milhares de velas ardiam nos ramos verdes, e figuras
coloridas, como as que adornam as vitrinas das lojas, a fitavam. A pequena
estendeu as mãos para o alto – mas nisto o fósforo se apagou. As velas de Natal
foram subindo, cada vez mais, e ela viu que eram estrelas cintilantes. Uma
delas caiu, traçando um longo risco de fogo no céu. Deve ter morrido alguém –
disse a pequena. A velha avó, única pessoa
que lhe quisera bem, mas que já estava morta, costumava dizer: “Quando uma
estrela cai, sobe aos céus uma alma.” A
menina tornou a riscar um fósforo contra a parede. No clarão produzido em
volta, ela viu, radiante e iluminada, a velha avó, meiga e bondosa.
– Vovó! – gritou a
pequena. – Leva-me contigo! Sei que não mais estarás aí quando o fósforo se
apagar. Desaparecerás, como a boa lareira, o delicioso ganso assado e a grande,
linda árvore de Natal!
Riscou às pressas
o resto dos fósforos que havia no pacotinho, para ter a avó ali a seu lado e
retê-la. O clarão dos fósforos tornou-se mais intenso que a luz do dia. Nunca a
avó fora tão grande e bela. Ergueu a menina nos braços e as duas voaram,
felizes, para as alturas, onde não havia frio nem fome, nem apreensões, voaram
para junto de Deus. Quando raiou a manhã, muito fria, encontraram,ali no
cantinho, entre as duas casas, a menina com as faces coradas e um sorriso a
brincar –lhe nos lábios.
Morrera de frio na
última noite do ano velho. A aurora do
ano-novo brilhava sobre o pequenino cadáver, que jazia com os fósforos nas
mãos. Um maço inteiro estava queimado.
– Ela quis
aquecer-se – disseram. Ninguém sabia que
maravilhas ela vira, nem imaginava o esplendor que a cercara, com a velha avó, nas alegrias do ano-novo.
Contos de
Andersen. Trad. Guttorm Hanssen. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
Questões
1) Quem é a personagem principal do texto?
2) Descreva:
a) Como estava o clima na rua onde a menina trabalhava?
b) Como eram as vestes da menina?
c) Faça a descrição física da menina.
3) Explique porque a menina parecia apavorada?
4) Por quê a menina não quis voltar para casa?
5) Faça a descrição da moradia da menina.
6) Sentindo muito e frio a menina começa a riscar os
fósforos na tentativa de se aquecer. Descreva o acontece a partir desse momento
com ela?
7) Qual foi o desfecho da história.
8) Você acha que essa história só acontece nos livros ou
pode acontecer na vida real? Comente.
9) Transcreva do texto
10 substantivos e 10 verbos no pretérito.
10) Faça uma pesquisa sobre a exploração do trabalho
infantil no Brasil. Selecione textos,frases, fotos, gráficos, análises de dados
estatísticos e desenhos, entre outros e crie um mural. Se preferir
recorte as imagens em revistas ou jornais.
Por Rosiane Fernandes Silva – Graduada em Letras
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